Personagens da Revolução dos Bichos: Guia e Análise Completa
A Revolução dos Bichos, de George Orwell, é um clássico do século XX. O autor usa personagens animais para retratar figuras e grupos da Revolução Russa.
Cada animal não está ali só por ser fofo ou assustador; eles viram símbolos políticos essenciais para entender a crítica de Orwell ao totalitarismo e à corrupção do poder.

Os protagonistas — Napoleão, Bola-de-Neve, Velho Major e Sansão — representam líderes autoritários, idealistas, inspiradores revolucionários e a classe trabalhadora. Por meio deles, a história escancara as dinâmicas de poder, manipulação e traição que marcaram o século XX.
Entender esses personagens é chave para captar a mensagem central de Animal Farm. Eles mostram como a luta por igualdade pode ser distorcida e como regimes autoritários usam propaganda e repressão para se manter.
Principais Personagens da Revolução dos Bichos
A liderança da Granja dos Bichos gira em torno de figuras centrais que representam visões e estratégias diferentes para a comunidade animal. O poder, as ideologias e a manipulação marcam o desenvolvimento desses personagens.
Napoleão: O Ditador da Granja
Napoleão é o porco que assume o comando depois da morte do Velho Major. Ele logo consolida seu poder com uma liderança autoritária.
No começo, até parece preocupado com ordem e produção, mas vai ficando cada vez mais corrupto. Troca as músicas de união por privilégios próprios e se muda para a casa dos humanos.
Napoleão rompe com o Animalismo, usando cães treinados para intimidar e eliminar rivais. Ele negocia com humanos, deixando claro que perdeu de vez os valores da revolução.
Bola de Neve: O Rival Idealista
Bola de Neve é praticamente o oposto de Napoleão. Um porco idealista, cheio de ideias para melhorar a vida coletiva.
Quer construir o moinho de vento para facilitar o trabalho dos bichos. Foca na educação e tenta criar uma sociedade igualitária, mas isso incomoda Napoleão.
O conflito entre os dois cresce. Bola de Neve acaba expulso da fazenda, virando símbolo do líder político que tenta inovar, mas é derrotado pelo autoritarismo.
Velho Major: O Inspirador da Rebelião
Velho Major é o porco velho que acende a chama da revolução. Ele denuncia a exploração dos humanos e propõe uma sociedade de igualdade.
Cria o conceito de Animalismo e inspira os sete mandamentos que regem a fazenda. A frase “Quatro pernas bom, duas pernas ruim” é dele.
Velho Major é o visionário que une os animais em torno de um sonho comum. Não chega a ver o resultado da luta, mas deixa sua marca como símbolo de esperança e justiça.
Garganta: O Manipulador de Propaganda
Garganta é o porco encarregado da comunicação e propaganda. Ele é mestre em discursos que justificam tudo o que a liderança faz.
Manipula informações, esconde erros e repete slogans para manter todos alinhados com Napoleão. Garganta é peça-chave na manutenção do poder absoluto.
Mostra como a linguagem pode ser usada para controlar uma população. É o retrato da propaganda política funcionando a todo vapor.
Secundários e Personagens-Símbolo
Além dos porcos protagonistas, outros animais e humanos cumprem papéis essenciais na narrativa. Eles representam aspectos sociais e políticos, revelando as camadas complexas da história e seus paralelos com a Revolução Russa.
Sansão e Quitéria: Representantes da Classe Trabalhadora
Sansão é o cavalo forte, incansável no trabalho. Ele simboliza a classe trabalhadora da Granja dos Bichos, sempre acreditando que o esforço vai trazer melhorias.
Quitéria, a égua, também representa o grupo trabalhador. Ela é um pouco mais desconfiada, percebe riscos e manipulações, mas continua leal à fazenda.
Os dois mostram como a classe trabalhadora pode ser explorada e manipulada por líderes ambiciosos, mesmo sendo leais e dedicados.
Míscia, Moisés e Outros Animais Secundários
Míscia é a égua vaidosa e fútil. Ela pensa mais em si mesma do que no coletivo e foge da fazenda em busca de conforto.
Moisés, o corvo, simboliza a religião. Ele fala do “Paraíso dos Guijarros”, distraindo os animais das dificuldades do presente.
Outros bichos, como galinhas e porcos menores, representam a massa passiva ou os que tentam sobreviver às mudanças. Não têm tanto destaque, mas são essenciais para o clima social da fazenda.
Sr. Jones, Pilkington e Frederick: Humanização e Oposição
Sr. Jones é o humano dono original da fazenda. Sua má administração desperta o desejo de revolução nos animais.
Pilkington e Frederick são fazendeiros vizinhos. Pilkington representa a Grã-Bretanha e Frederick, a Alemanha. Eles apoiam ou se opõem à Granja dos Bichos conforme seus interesses.
Esses humanos funcionam como antagonistas e contexto para as tensões internas da fazenda. Mostram os desafios da soberania e da influência externa.
Significados Históricos e Sociais dos Personagens
Os personagens de A Revolução dos Bichos têm ligação direta com figuras e conceitos históricos da Revolução Russa e do stalinismo. Eles mostram como ideais de igualdade podem ser distorcidos pelo poder, corrupção e propaganda.
Paralelos com a Revolução Russa e Stalinismo
Cada personagem principal simboliza alguém importante da Revolução Russa. Velho Major é Karl Marx e Lênin, base ideológica da revolução.
Napoleão representa Stalin, com autoritarismo e desvio dos ideais originais. Bola de Neve é Trotsky, o rival expulso e desacreditado.
A briga entre Napoleão e Bola de Neve ilustra o conflito interno que consolidou o regime stalinista. A expulsão de Bola de Neve mostra como opositores eram perseguidos e isolados.
O Papel do Autoritarismo e da Propaganda
Napoleão impõe um governo autoritário e concentra poder nos porcos, especialmente nele. A mudança do mandamento “Todos os animais são iguais” para “alguns são mais iguais que outros” escancara a desigualdade.
Garganta é a propaganda oficial, disfarçando exploração e sofrimento dos bichos. Ele promove uma narrativa falsa de progresso, mantendo o controle e calando vozes contrárias.
A Desconstrução do Idealismo e da Sociedade Igualitária
A ideia de uma sociedade justa e igualitária vai sendo destruída por interesses pessoais e corrupção. Sansão simboliza trabalhadores que, mesmo dedicados, são explorados e não percebem as injustiças.
Mimosa representa a burguesia indiferente, que mantém privilégios mesmo com mudanças sociais. Benjamim, o burro cético, entende os fracassos da revolução, mas não age.
Sem consciência crítica e fiscalização, os ideais socialistas acabam corrompidos. O resultado? Novas formas de opressão, longe da liberdade prometida.
Influência, Legado Cultural e Outras Mídias
A revolução simbólica de Orwell foi além do livro, marcando várias formas de arte e debates sociais. Os personagens e temas continuam voltando como referência em discussões políticas e culturais de hoje.
Impacto na Literatura e no Cinema
A Revolução dos Bichos aparece o tempo todo quando se fala de totalitarismo e manipulação. O livro não só mexeu com escritores, mas também inspirou cineastas a levar a fábula para o cinema e a televisão.
Essas adaptações tentaram dar conta da complexidade dos Sete Mandamentos. Também mostraram como a linguagem pode ser torcida para controlar tudo.
A censura, dependendo da época, tentou barrar o livro. Isso rolou principalmente por causa da crítica nada sutil aos regimes totalitários, especialmente na União Soviética.
As versões visuais deram ainda mais força às personagens. De repente, os temas ficaram mais acessíveis, chegando a públicos que talvez nunca tivessem lido o original.
Ligações com 1984 e Outras Obras de Orwell
1984 e A Revolução dos Bichos têm muito em comum. Os dois mergulham fundo no controle pela linguagem e na manipulação da verdade.
Enquanto o livro dos bichos usa animais para mostrar a traição dos ideais revolucionários, 1984 vai por outro caminho, focando na vigilância absurda e no sumiço da realidade.
Personagens como Napoleão e o Grande Irmão são retratos de líderes autoritários. Eles distorcem tudo para segurar o poder.
O diálogo entre essas obras de Orwell acaba revelando diferentes formas de dominação social. Não dá para não se perguntar: até onde vai o controle?
Atualidade dos Personagens na Sociedade
As personagens ainda têm impacto porque mostram exemplos de manipulação, conformismo e resistência em qualquer sistema social.
Napoleão, por exemplo, lembra líderes que acabam corrompendo ideais. Já Sansão faz pensar nos trabalhadores que são explorados e acabam alienados.
A linguagem e as mudanças nos Sete Mandamentos deixam claro como governos mudam regras só pra justificar abusos, mas tentam não perder o apoio popular.
Figuras como Míscia e Moisés mostram como o conformismo e a religião ajudam a manter o status quo.